Literacia Emocional

É cada vez mais comum ouvir-se falar de um aumento de problemas de saúde mental na infância e na adolescência. Assim como entre a população adulta. Dados da organização mundial de saúde apontam para que 10 a 20% das crianças e adolescentes estejam neste momento face a um problema de saúde mental (1 em cada 5 crianças e adolescentes).

Estudos epidemiológicos apontam para percentagens cada vez mais elevadas de jovens a sofrer de patologia mental. Em 2004, segundo dados da ACSS, na Grã-Bretanha 9,6% das crianças e adolescentes sofriam de uma patologia mental (quase 1 em casa 10 crianças e adolescentes). Em 2008, um estudo realizado pelo The European KIDSCREEN Group, aponta para que 3,7% das raparigas espanholas e 3,9% dos rapazes espanhóis sofram de ume perturbação mental. Uma realidade que não deve fugir muito à nossa.

Em Portugal existem escassos estudos epidemiológicos, e os que existem estão direcionados para uma determinada patologia. Contudo, um relatório recente da Direção Geral de Saúde apontam para um consumo de álcool em idades cada vez mais precoces e com aparente estrita intenção de fuga da realidade. Os jovens procuram por vezes a intoxicação aguda quase instantânea, que justifica práticas como a instilação ocular ou a aplicação de tampões impregnados em bebidas alcoólicas destiladas no ânus ou na vagina, áreas anatómicas em que a riqueza vascular permite absorções muito rápidas.

E alerta-nos para os casos de violência entre os jovens portugueses. Em 2010, 32,2% dos rapazes e 14,1% das raparigas envolveram-se entre 1 a 3 episódios de agressões físicas. Mas, os comportamentos violentos não são apenas dirigidos a outros jovens, 7% dos nossos jovens já infligiu algum tipo de violência física sobre si mesmo (automutilações, socos, chapadas).

Estes dados tornam-se ainda mais preocupantes quando diversos estudos apontam as consequências de sofrer de uma perturbação mental tão cedo na vida. Existem implicações a nível do seu bem-estar e do seu funcionamento diário, como sejam quebras no rendimento escolar, problemas de relacionamento com os colegas, amigos e até familiares. Implicações monetárias que se prendem com o elevado custo das intervenções terapêuticas. E, implicações futuras, pois estes problemas podem persistir pela idade adulta.  

Mas existem boas notícias: tudo parece indicar que ensinar as nossas crianças maneiras mais produtivas de encarar as dificuldades baixa o risco de depressão. Programas realizados com crianças agressivas em que lhes é ensinado a controlarem os impulsos têm demostrado bons resultados. E, crianças socialmente menos aptas, anteriormente colocadas de parte pelos colegas têm beneficiado de programas em que aprendem como se relacionar de forma positiva com o outro, através do aumento da capacidade empática.  

A solução passa pela literacia emocional! Aprender a identificar os sentimentos e aprender maneiras de se acalmarem a si mesmos ou a gerirem melhor as suas relações. Diversos programas nos Estados Unidos da América e até em Portugal têm demostrado a eficácia de ensinar às crianças as bases da inteligência emocional, como forma de melhores as suas capacidades.